Alterações climáticas e ecossistemas de alta montanha: o caso da Serra da Estrela | Susana Rodríguez-Echeverría, 25/03/2022

O aquecimento global causa mudanças importantes na vegetação de alta montanha, nomeadamente no crescimento e na distribuição em altitude das espécies vegetais. Nas montanhas com clima mediterrâneo prevêem-se altas taxas de extinção devido ao duplo stress provocado pelo aquecimento e a seca de verão. No entanto, existe pouca informação sobre a resposta destas montanhas às alterações globais, em comparação com sistemas montanhosos de climas mais frios. Com o intuito de contribuir aos estudos do efeito do aquecimento global nas principais comunidades vegetais de alta montanha começamos um projeto de investigação em 2020 na Serra da Estrela. Este sistema montanhoso está situado na área de transição entre os climas oceânico e mediterrânico, uma localização muito interessante para estudar o efeito das alterações climáticas. Para além disso, a Serra da Estrela é o único território situado por cima dos 1600m em Portugal continental, e portanto inclui ecossistemas exclusivos e um importante número de endemismos.

O estudo que estamos a realizar pretende analisar o efeito do aquecimento em diferentes níveis: o crescimento individual das plantas, a produtividade primária, a diversidade taxonómica e funcional das comunidades vegetais e de microrganismos do solo, os ciclos de nutrientes e as interações bióticas. Começamos também uma análise dos registos históricos de várias espécies na Serra da Estrela baseada no relatório da seção de botânica feito pelo Doutor Júlio Henriques na Expedição à Serra em 1881 e os espécimenes presentes no herbário da universidade de Coimbra.

Susana Rodríguez-Echeverría
-Departamento de Ciências da Vida. Centro de Ecologia Funcional. Universidade de Coimbra.
-Grupo de Trabalho em Biodiversidade e Ecologia de Montanha da Rede de Ciência e Educação para a Sustentabilidade do Estrela Geopark.

• 2022-03-15 11:10:00