Sociedade Broteriana trata espólio do Visconde de Vila Maior
A Sociedade Broteriana está a tratar o arquivo pessoal e familiar do Visconde de Vila Maior, Reitor da Universidade de Coimbra entre 1869 e 1884.
O projeto, que inclui o restauro da documentação, a descrição arquivística e a disponibilização da informação on-line, é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian através do programa “Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais”.
De seu nome Júlio Máximo de Oliveira Pimentel, o título de 2º Visconde de Vila Maior foi-lhe atribuído a 15 de julho de 1861. Para assinalar a efeméride, a Sociedade Broteriana, instalada no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), lembra o percurso desta ilustre personalidade.
O Visconde de Vila Maior cursou Matemática na Universidade de Coimbra, tendo obtido o grau de bacharel a 16 de junho de 1837. Notabilizou-se na área da Química, quer como professor na Escola Politécnica de Lisboa, quer como cientista.
Desempenhou o cargo de presidente (1858-1859) da Câmara Municipal de Lisboa; foi deputado às Cortes por Lisboa em mais de uma legislatura e par do reino e presidente interino da Câmara dos Pares, entre 1851 e 1856. Participou na comissão régia que representou Portugal na Exposição Universal de Paris em 1855.
Como químico e proprietário de extensas propriedades no Douro Vinhateiro, interessou-se pela enologia, viticultura e ampelografia. Entre múltiplas atividades científicas e políticas, destacou-se pela produção científica e teórica sobre a região do Douro, tendo publicado, entre outros trabalhos: “Memória sobre os processos de vinificação empregados nos principais centros vinhateiros do continente do reino, a norte do Douro (1867-1868)”, “Tratado de vinificação para vinhos genuínos (1868-1869) e “O Douro Ilustrado (1876)”.
No Jardim Botânico da Universidade de Coimbra fundou, em 1871, com o apoio do diretor, o Professor Júlio Henriques, uma “Escola Ampelográfica”, que contava com castas de videiras de diversas regiões do país, de Espanha, França, Alemanha, Itália, Grécia e América do Norte, chegando a atingir quase 2.000 plantas.
A memória deste insigne académico, cidadão e político encontra-se registada nas centenas de documentos, manuscritos e impressos que compõem a parte do seu arquivo pessoal e familiar, salvaguardado no Arquivo de Botânica do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.
Entre a vastíssima documentação, situada cronologicamente entre os séculos XVIII e XIX, em papel e pergaminho, contam-se centenas de cartas, diplomas, diários, inúmeros testamentos, escrituras, contratos de arrendamento, foros, recibos, décimas, faturas, etc., não só do VVM mas também de diversos familiares.
O projeto “O Arquivo Pessoal e Familiar do Visconde de Vila Maior – preservar memória, divulgar o passado” será concluído no próximo mês de outubro, data em que será apresentado publicamente através de uma exposição e conferências.
- 2016-07-17 19:41:15